A produção audiovisual com as tecnologias digitais na educação: da televisão analógica à webtv

(Simone Lucena, Everton Nunes)


Você sabe a diferença entre uma TV analógica e uma TV digital? E a WebTV você sabe o que é?

A transição das tecnologias analógicas para as digitais representou uma ampliação do acesso à informação possibilitada também pelo aparelho de TV. Isso porque a TV digital potencialmente é uma tecnologia que está para além da oferta de melhor qualidade de imagem e som, pois a plasticidade do digital permite que características sociotécnicas e culturais do universo das redes on-line sejam inseridas na TV. Atualmente, além da televisão digital temos a WebTV, emissoras que disponibilizam na internet conteúdos, produções audiovisuais utilizando as potencialidades do digital em rede como hipertextualidade, conectividades, e interatividade. A WebTV, em geral, pode também ser acessada por meio de aplicativos nos dispositivos móveis como tablets, smartphones e notebooks, o que permite a mobilidade e a ubiquidade impulsionada cada vez mais pelas redes sem fio: wi-fi, 4G e 5G que desterritorializam os limites entre o espaço físico e virtual. Por todas essas transformações ocorridas com a televisão em menos de um século e pelas novas formas de produção e disseminação audiovisual questionamos: como a educação pode inserir o audiovisual em rede nos processos educacionais? Como desenvolver processos formativos que transformem os aprendentes de telespectador a a(u)tor? Para compreender esse percurso, convidamos você a um mergulho nos tópicos deste hipertexto a fim de conhecer as origens da implantação da televisão no Brasil e entender as transformações sociotécnicas e socioculturais pelas quais esta tecnologia vem passando. Por fim, convidamos você a produzir conteúdos audiovisuais como a(u)tores em rede.

Objetivos Educacionais:

  • Conhecer a história da televisão no Brasil;
  • Compreender as transformações tecnológicas e socioculturais ocorridas nos séculos XX e XXI a partir da disseminação da internet e do surgimento de novas formas de ser/estar no mundo permeado por tecnologias;
  • Conhecer as potencialidades que as tecnologias digitais oferecem para a educação;
  • Pensar e produzir audiovisuais que possibilitem a interatividade, a hipertextualidade, o compartilhamento e a colaboração.

Índice:

1 ACESSO A INFORMAÇÃO: DA TELEVISÃO A INTERNET

O termo audiovisual é bastante amplo, pois pode ser empregado em diversos sentidos. Rabaça & Barbosa (2001) no Dicionário de Comunicação apontam dentre os vários significados de audiovisual que o termo se refere à comunicação destinada simultaneamente a audição e a visão; ao meio que transmite mensagens de som e imagem; aos sistemas didáticos que utilizam slides, filmes, cartazes, discos etc. Ou seja, audiovisual poder se referir a uma forma de comunicação, a uma tecnologia ou a uma linguagem. No século XXI com o acelerado desenvolvimento das tecnologias móveis ampliaram-se as possibilidades de convergência tecnológica tornando cada sujeito um potencial produtor de informações, audiovisuais ou não, bem como um consumidor de conteúdos em diferentes formatos e em qualquer lugar. Ter um smartphone virou sinônimo de “ter o mundo na palma das mãos”.

Apesar de já termos mencionado que audiovisual é um termo amplo quando pronunciamos esta palavra geralmente associamos ao cinema, à televisão ou ao vídeo. Neste capítulo, vamos nos deter a falar mais especificamente da televisão e das transformações tecnológicas e socioculturais que esta tecnologia tem alcançado.

No Brasil o aparelho de televisão já foi a tecnologia de maior inserção nos lares brasileiros chegando a estar presente em 97,4% dos domicílios em 2016 e desde então começou a reduzir este quantitativo para 96,8 em 2017 e 96,4 em 2018. Estes dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ‐PNAD do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que aponta ainda um crescimento das tecnologias móveis digitais nos domicílios brasileiros tanto na zona urbana como rural.

Percebemos que os novos contextos sociais têm impulsionado que os smartphones ganhem cada vez mais espaços nas práticas cotidianas das pessoas. O uso do deste dispositivo tecnológico para acessar a internet cresceu no Brasil e se apresenta como o principal meio de acesso à rede sendo usado por quase todos os brasileiros, é o que revelou referida pesquisa PNAD Contínua TIC 2018, divulgada IBGE.

No ano anterior à pesquisa, três em cada quatro brasileiros tinham acesso à internet e o celular era o equipamento mais usado. Entre 2017 e 2018, o percentual de pessoas de 10 anos ou mais que acessaram a internet pelo celular passou de 97% para 98,1%. Os dados mostraram que na área rural 97,9% utilizavam o smartphone para acessar a internet, e nas áreas urbanas o percentual era de 98,1%.

Direcionando o olhar para compreender a utilização desse dispositivo no âmbito da educação, tomamos como base a pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), publicada em outubro de 2020, que apresenta o uso dos smartphones por classes sociais. De acordo com esta pesquisa na fase o celular é o principal dispositivo para a realização de atividades de ensino remoto entre usuários de internet com 16 anos ou mais, principalmente entre as classes D e E.

Três quartos dos usuários de internet com 16 anos ou mais e que são das classes D e E (74%) acessam a rede exclusivamente pelo telefone celular, percentual que é de 11% entre os usuários das classes A e B. Entre os usuários de internet com 16 anos ou mais, que frequentam escola ou universidade, o celular aparece também como o dispositivo utilizado com maior frequência (37%) para assistir às aulas e atividades educacionais remotas. O uso do dispositivo como o principal recurso para participação nas atividades é maior entre os usuários das classes D e E (54%), se comparado com o percentual daqueles das classes C (43%) e A e B (22%). Já o uso de computador (notebook, computador de mesa e tablet) como o principal recurso para acompanhamento do ensino remoto é maior nas classes A e B (66%), sendo menos acessível aos estudantes das classes C (30%) e D e E (11%).

Essas informações foram publicadas na terceira edição do Painel TIC COVID-19, estudo divulgado em 5 de novembro pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). As estimativas obtidas representam um contingente de aproximadamente 101 milhões de usuários de internet, o que corresponde a 83% dos usuários com 16 anos ou mais, público-alvo da pesquisa. A coleta de dados foi realizada entre 10 de setembro e 1º de outubro deste ano.

Tais resultados nos levam a crer que nos lares brasileiros o acesso à informação hoje, além da televisão, se dá pelos smartphones, ou seja, esses dispositivos são meios essenciais para a dinâmica social, pelos quais a informação chega até as pessoas, inclusive, podendo ser produzida e compartilhada por elas. Um exemplo disso, é a crescente produção de conteúdos audiovisuais para redes sociais e aplicativos feita de forma espontânea pelos usuários. O Instagram possui, inclusive, uma proposta de TV na qual os seus usuários podem de forma autônoma criar um perfil, produzir conteúdos autorais ou não. O que demonstra a mais uma forma de convergência da linguagem da TV para a internet.

Diante disso gostaríamos de saber: Você assiste televisão? Quantas horas por dia você assiste a tevê? Você tem acesso a internet? Onde você acessa esta rede? Você assiste programas de tevê em dispositivos móveis como notebooks, tablets ou smartphones? Você assiste vídeos no YouTube? Já tem ou pensou em criar um canal no YouTube?

2 A CHEGADA DA TELEVISÃO NO BRASIL

Ao longo de algumas décadas, a forma como inicialmente a televisão foi pensada tem se modificado. Nos primeiros anos da tevê sua programação era ao vivo e transmitida diretamente de locais como auditórios e teatros. A possibilidade de gravar os conteúdos, editá-los e transmiti-los posteriormente surge apenas na década de 1950 quando foi criado o videotape. Esta é uma longa história que você pode conhecer mais detalhadamente em vários sites, textos e livros que contam sobre a trajetória da televisão.

A TV Escola produziu um documentário com o título “História da TV, o inventor o pai da televisão” que está disponível no site do YouTube https://www.youtube.com/watch?v=0SuQg5BX7i0

No site “Tudo sobre TV” há a história da televisão no Brasil desde a década de 1950 até 2000. Vale a pena conferir em http://www.tudosobretv.com.br

A primeira televisão com imagens em preto e branco a entrar em funcionamento no mundo foi em Paris, em 1935, na Torre Eiffel (RABAÇA & BARBOSA, 2001). No ano seguinte, a emissora British Broadcasting Corporation (BBC) de Londres iniciou suas primeiras transmissões. Nos Estados Unidos a primeira transmissão regular é iniciada em 1941, quando a Columbia Broadcasting System (CBS) apresentou o primeiro noticiário sobre o envolvimento dos EUA na Segunda Guerra Mundial. No Japão a Nippon Hôsô Kyôkai (NHK) foi fundada em 1926, porém apenas com transmissão de rádio, já que as transmissões televisivas somente foram iniciadas em 1953.

A palavra televisão é um substantivo feminino formada pela junção de dois termos tele + visão que significa visão à distância. Seus sinônimos são TV, tv, tevê. Neste texto utilizaremos a grafia tevê para nos referir a televisão analógica e a grafia TV para a televisão digital bem como as emissoras de teledifusão.

A popularização da televisão no mundo ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando foi possível o início da produção em larga escala dos aparelhos televisivos nos países industrializados. No Brasil, a primeira emissora foi instalada em 1950, no entanto, anteriormente, em 1939, foi realizada, numa Feira de Amostra no Rio de Janeiro, a primeira transmissão através de aparelho de tevê. A TV Tupi de São Paulo, a primeira emissora do Brasil, foi fundada pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand em 1950. Foi nesse mesmo período que a televisão surgiu em outros países da América Latina como México e Cuba.

CINECLUBE: Chatô – O Rei do Brasil

Disponível no YouTube

Assis Chateaubriand foi um jornalista e empresário brasileiro nascido em Umbuzeiro, PB (1892-1968). Foi fundador do maior império de veículos de comunicação de massa – jornais, emissoras de rádio e de televisão – da América Latina, mais conhecido como Diários Associados. Sua história foi escrita pelo autor Fernando Morais no livro “Chatô – O Rei do Brasil”. Em 2015 Guilherme Fontes faz uma adaptação do livro de Fernando Morais e lança o filme numa versão romantizada da vida de Assis Chateaubriand. No filme a vida de Chateaubriand é analisada a partir de acidente cardiovascular (AVC), que o faz delirar com um julgamento.

O desenvolvimento da televisão brasileira pode ser dividido em duas fases, conforme indicado por Caparelli (1986). A primeira fase compreende o período de 1950 a 1964, onde havia uma maior concentração de produção de programas nas cidades do  Rio de Janeiro e de São Paulo. É também neste período que há uma grande importação de programas estrangeiros. Vale ressaltar, que a televisão surge como um eletrodoméstico de elite, pois devido ao alto preço dos aparelhos, poucas pessoas tinham condições de adquiri-los.

A programação da televisão neste período consistia em reproduzir os programas transmitidos pelo rádio. As novelas eram adaptações de peças teatrais e quase não havia ainda publicidade na tevê, que, por ser um veículo de comunicação novo, não tinham a confiança das agências publicitárias, que preferiam investir em anúncios nos meios de maior circulação como jornais, revistas e rádio (Lucena, 2018[ref]).

Dicas de Anúncios

A linguagem audiovisual na televisão brasileira passou por diversas transformações. No início as propagandas eram feitas ao vivo e restringiam-se apenas a falar sobre as qualidades do produto anunciado como forma convencer a audiência a comprar o produto. Vale a pena conhecer e comparar o formato e a linguagem audiovisual utilizada nas propagandas nas décadas de 1960, 1970 e 1980 e as propagandas atuais. O que mudou?

Para saber mais sobre a história da propaganda brasileira e para conhecer alguns anúncios visitem os sites:

A segunda fase da televisão no Brasil é iniciada após 1964 e vai até os dias atuais. Esta fase é marcada pela decadência da TV Tupi e de outras pequenas emissoras e pela ascensão da TV Globo que, após assinatura de contrato com o grupo americano, entrou num “acentuado modo racional e capitalista de produção, com técnicas administrativas das mais modernas” (Caparelli, 1986, p. 12).

Embora a primeira televisão brasileira tenha sido uma emissora comercial, isto é, uma empresa privada voltada para a publicidade e para a comercialização de produtos por meio de anúncios, já existia um grupo de educadores da Rádio Roquete Pinto que havia solicitado do governo federal a concessão de um canal de tevê educativa. Esses educadores pretendiam dar continuidade ao trabalho de educação à distância que já desenvolviam na rádio. Apesar da concessão do governo ter sido aprovada em 1952, por problemas de ordem político-administrativo, a primeira televisão educativa no Brasil somente foi criada em 1967: a TV Educativa do Rio de Janeiro – TVE/RJ.

Saiba mais…

Edgar Roquete Pinto (1862-1928) era médico legista, professor, antropólogo, etnólogo e ensaísta. Fundou, em 1923, na Academia Brasileira de Ciências, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com fins exclusivamente educacionais e culturais e, em 1936, doou-a ao Ministério da Educação. Foi diretor do Museu Nacional em 1926, onde produziu a maior coleção de filmes científicos no Brasil. Em 1932, criou a Revista Nacional de Educação; fundou e dirigiu, no Ministério da Educação, o Instituto Nacional do Cinema Educativo e o Serviço de Censura Cinematográfica.

A TV Escola produziu a série de documentários sobre Educadores sendo um deles sobre Roquete Pinto disponível em https://tvescola.org.br/tve/video/roquette-pinto-educadores

Há também o site http://www.radioroquettepinto.rj.gov.br da Rádio Roquete Pinto que apresenta parte da biografia desse educador que vislumbrou em meados do século XX a inserção do audiovisual na educação.

Na década de 1980 iniciava-se no Brasil os serviços de TV por assinatura sendo a TVA – Serviços Especiais de TV por Assinatura – o primeiro serviço não-convencional (sinal aberto) de TV explorado no país, regulamentado pelo Decreto 95.744 de 23 de fevereiro de 1888 “como sendo um serviço de telecomunicações destinado à distribuição de sons e imagens para subscritores, através de sinais codificados” (JAMBEIRO, 2002, p. 205). Em 1995 foi instituída a Lei nº 8.977 que dispõe sobre os serviços de TV a Cabo. O artigo 23 desta lei estabelece que a operadora de TV a Cabo, na sua área de prestação do serviço, deverá tornar disponíveis canais, alguns gratuitos, destinados para uso legislativo, comunitário e universitário. O canal universitário deverá ser compartilhado entre as universidades localizadas no município ou municípios da área de prestação do serviço. Em 2011 parte da Lei nº 8.977 foi substituída pela Lei nº12.485, mas o referido artigo 23 da Lei anterior permaneceu inalterado.

Transmissão de sinais de televisão em regime de circuito fechado ou assinatura, por meio de cabo, satélite ou microndas. A televisão por assinatura oferece uma grande quantidade de canais em relação à televisão aberta, e cobra um valor pela prestação deste serviço, geralmente em frequência mensal.

As TVs Educativas foram criadas por meio do Lei nº 5.198, de 03 de janeiro de 1967. Esta Lei instituiu a Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa com a finalidade de produzir, comprar e distribuir programas para transmissões educativas.

Dois aspectos são considerados relevantes para a implantação das TVs Educativas no Brasil. Um desses aspectos foi a pressão internacional realizada pela UNESCO para que os países em desenvolvimento utilizassem a televisão como um meio de atender às necessidades educacionais. O outro aspecto está relacionado com o processo de industrialização pelo qual o país estava passando naquele momento e que requeria mão-de-obra qualificada e, desta forma, a TV era um dos meios de se obter esta qualificação via cursos de teleducação.

Experiência de TV na Educação

Desde 1995 o Ministério da Educação (MEC) tem desenvolvido Programas voltados para a capacitação de professores. Dentre estes Programas destacamos a TV Escola que é um canal de educação voltado para a capacitação de professores A TV Escola iniciou oficialmente em março de 1996 com transmissões para todo o Brasil por meio de canal de televisão via satélite. Para sintonizar este canal as escolas públicas com mais de 100 alunos receberam o “kit TV Escola” que continha um televisor, um videocassete, uma antena parabólica, um receptor de satélite, a Grades de Programação e um conjunto de dez fitas de vídeo VHS, para as gravações. Com o desenvolvimento tecnológico das tecnologias digitais a TV Escola também se transformou e atualmente tornou-se uma plataforma de comunicação baseada no audiovisual da televisão distribuída por satélite aberto, analógico e digital, para todo o território brasileiro.

Hoje a programação da TV Escola é bastante variada com conteúdos para todas as áreas do conhecimento da educação básica e para a formação do professor. O Programa Salto para o Futuro oferece e debates com temas variados relacionados a educação.

Visite o da TV Escola http://tvescola.mec.gov.br selecione um dos programas e promova um debate na sala de aula. Você também poderá acompanhar a programação e fazer comentários nas redes sociais da internet no https://twitter.com/tvescola e no https://www.facebook.com/tvescola

Para a democratização da comunicação precisamos pensar na construção TVs educativas que possam subverter a lógica do mercado, essas que disseminam os conteúdos partindo sempre do centro (emissoras geradoras) para as periferias (emissoras retransmissoras). A comunicação é direito do cidadão e o pluralismo é uma obrigação social e não apenas uma dádiva das mídias (REY, 2002).

Uma boa alternativa de rede pública de televisão será aquela capaz de colocar em circulação as produções das periferias num movimento que Martín-Barbero (2002, p. 75) coloca como “indo tanto do centro para a periferia como das periferias entre si e para o centro”. Para que isso ocorra é certo que o investimento tecnológico é imprescindível, mas este apenas não é suficiente. É necessário que haja políticas de comunicação capazes de veicular as produções locais, regionais e comunitárias para todo o país de forma bidirecional.

Isso será possível principalmente com a inserção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na disseminação dos conteúdos audiovisuais, pois as TIC possibilitam a construção de redes de conhecimentos, potencializam o fortalecimento da cidadania, da autonomia e da cultura e disponibilizam a produção de conteúdos.

No Brasil além das TVs Educativa temos também as TVs Universitárias (TVU) que são canais de televisão mantidos por universidades. A Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) foi fundada em 2000 para congregar as Instituições de Ensino Superior (IES) que produzem televisão educativa e cultural. Hoje estas TVU trocam produções audiovisuais por meio da Rede de Intercâmbio de Televisão Universitária (RITU) criado pelo Laboratório de Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (LAVID/UFPB). Trata-se de uma rede de compartilhamento dos vídeos produzidos pelas televisões universitárias, com troca de conteúdo para a construção de uma grade de programação nacional, a ser usada por qualquer canal universitário na íntegra ou com adaptações locais na programação. O compartilhamento dos vídeos é feito por meio de uma interface Web que foi desenvolvida numa parceria do LAVID com um Grupo de Trabalho da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), financiadora do projeto. Mais informações sobre a RITU estão disponíveis no site da ABTU <https://www.abtu.org.br/>

Inspirada na proposta da RITU, a Faculdade de Educação da UFBA desenvolveu “Rede de Intercâmbio de Produção Educativa” (RIPE), em parceria com LAVID/UFPB, com o objetivo de desenvolver um sistema e uma dinâmica de produção e veiculação de produtos audiovisuais disponíveis para os processos de ensino e aprendizagem das escolas públicas do ensino básico do Estado da Bahia, com intensivo uso de software livre, de forma descentralizada e com base em princípios colaborativos. Os conteúdos da RIPE podem ser acessado em <http://ripe.ufba.br/>

A TV Escola que foi criada em 1996 passou por reconfigurações nos últimos anos tanto no formato como na linguagem. Uma delas foi a criação do aplicativo (app) para dispositivos móveis para Android e IOS que possibilita assistir aos programas desta TV bem como fazer download e editá-los. Para acessar todos os conteúdos da plataforma TV Escola é preciso fazer um cadastro e se registrar no site da TV.

Figura 1 – Aplicativo da TV Escola para tecnologias móveis
Fonte: TVescola

Além da TV Escola muitas outras televisões estão presentes na internet e com aplicativos para dispositivos móveis. O Canal Futura da Fundação Roberto Marinho é outro exemplo de TV na Web e que possui app. As televisões universitárias também tem se reconfigurado e disponibilizado seus conteúdos por diferentes interfaces e mídias. Entretanto, todas estas televisões, apesar de estarem utilizando uma nova plataforma na internet que potencializa interatividade e novas formas de produzir conteúdo, ainda estão presas a forma de comunicação linear da cultura de massa. https://www.youtube.com/watch?v=kg2lprjh7Ww

3 TV DIGITAL E SUAS POTENCIALIDADES

As discussões, estudos e pesquisas sobre TV digital no Brasil iniciaram em 2003. Apesar da TV digital ser uma nova mídia sua maior propaganda é que trata-se de uma televisão com melhor qualidade de imagem e som. Isso é verdade, mas é também uma pequena ponta do iceberg de transformações que esta nova mídia pode trazer para a sociedade.

Para Mota (2005), a TV digital não é apenas um aperfeiçoamento tecnológico, mas uma nova mídia, que combina e absorve as tecnologias existentes e que poderá produzir outras tantas mídias, a depender das escolhas políticas. A TV digital é, na verdade, uma convergência de mídias ─ o computador e a televisão. Isso possibilita que novas aplicações, em que os sujeitos são colocados como atores do processo sejam possíveis de serem realizadas, o que antes era impensável na TV analógica. São aplicações como comércio eletrônico, e-mails e jogos eletrônicos que utilizam atributos da hipermídia e da interatividade comuns nos computadores.

Para ter acesso a todos os serviços e programações da TV digital é necessária a existência de um terminal de acesso para a televisão. Este terminal pode ser uma Unidade Receptora-Decodificadora (URD) também conhecida pelo nome de set-top-box. Trata-se de um equipamento capaz de abordar os sinais captados por uma antena (VHF/UHF) e convertê-los em sinal analógico passível de tratamento e reprodução, por meio do aparelho convencional de televisão.

Figura 2 – Transmissão de sinal para TV Digital
Fonte: TV Digital Brasileira

Estudos apresentados pela Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), no Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital e no Modelo de Referência para o Sistema Brasileiro de TV Digital apontam diferentes formas de implementação da interatividade na TV digital. No Brasil, desde o final do século XX já haviam sido iniciados estudos sobre a TV digital, porém foi somente a partir de 2003 que estas pesquisas se intensificaram principalmente por incentivos do governo brasileiro.

Para saber mais…

Para aprofundar os estudos sobre a TV digital e conhecer sua potencialidades sugiro as seguintes referências:

MANHÃES.  M. A. R. et al . Canal de Interatividade em TV Digital. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 1, n. 1, p. 29-36, jan./dez. 2005. Disponível em: https://www.cpqd.com.br/cadernosdetecnologia/Vol1_N1_jan_dez_2005/pdf/artigo2_Lamas.pdf

KUTIISHI, S. M.; PICCOLO, L. S. G. Provas de conceito de aplicações para TV digital interativa com o propósito de promover a inclusão digital no Brasil. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 2, n. 2, p. 7-17, jul./dez. 2006. Disponível em: https://www.cpqd.com.br/cadernosdetecnologia/Vol2_N2_jul_dez_2006/pdf/artigo1.pdf

LUCENA, S. Educação e TV Digital: situação e perspectiva. Maceió: Edufal, 2012.

Vídeo TV Digital e EaD https://www.youtube.com/watch?v=28G8zTzGCPw&t=122s

Os padrões de TV digital mais utilizados no mundo foram criados no final do século XX por países líderes em desenvolvimento tecnológico foram: O Japão desenvolveu o padrão ISDB – Integrated Services Digital Broadcasting; A União Européia criou o chamado padrão europeu DVB – Digital Vídeo Broadcasting e os Estados Unidos produziram o ATSC – Advanced Television Systems Committee. A China inicio em 2003 os primeiros testes para o desenvolvimento do seu sistema próprio de TV digital o Digital Terrestrial Multimedia Broadcast (DTMB) O mapa a seguir mostra como estes padrões estão espalhados pelos países no mundo disputando o mercado da TV digital.

Figura 3 – Sistemas de TV digital no mundo
Fonte: Wikipédia

Cada um dos sistemas ISDB, ATSC e DVB foram desenvolvidos de acordo com as características econômicas, políticas e culturais de cada país que o concebeu. Para a implantação de um destes padrões nos demais países faz-se necessária algumas adaptações para a realidade local. Isso torna imprescindível a reflexão sobre o que cada país deseja ou espera alcançar com a TV digital (Lucena, 2012), uma vez que esta mídia não é um mero desenvolvimento da televisão analógica, mas um novo e potente meio capaz de proporcionar grandes transformações econômicas, políticas, educacionais e sociotécnicas.

3.1 O SISTEMA BRASILEIRO DE TELEVISÃO DIGITAL – SBTVD


Os estudos sobre a implantação da TV digital (TVD) no Brasil não são recentes. Há mais de vinte anos a TVD é estudada por pesquisadores brasileiros. Em 1991, o então Ministério das Comunicações (MiniCom), criou a Comissão Assessora de Televisão (COM-TV) que mais tarde iniciou, juntamente com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT) e a Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET), os primeiros estudos sobre televisão digital com o objetivo de preparar os radiodifusores para a migração para o sistema digital (BOLAÑO & BRITTOS, 2007).

Você sabia que…

Atualmente o Ministério das Comunicações passou a ser Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações.

A partir de 1995, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foram ampliados os estudos sobre a análise dos três sistemas de TVD em funcionamento no mundo – ATSC, DVB e ISDB. Esses estudos foram realizados pela ABERT, SET e pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), que nesta época desenvolvia estes estudos como membro da SET, pois havia no CPqD, desde a década de 1980, um grupo de pesquisa sobre vídeo digital.

Em janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do Brasil, ainda não havia decisão sobre qual o modelo de TV digital seria adotado no país. Havia uma pressão dos empresários da comunicação para que o modelo japonês fosse escolhido, pois nos testes realizados, na opinião dos radiodifusores, era o que mais atendia às suas necessidades, no que se referia à imagem e som de alta qualidade. Não obstante, era preciso levar o debate para a sociedade, pois a implantação da TV digital não é apenas uma simples troca de tecnologia analógica para digital. A televisão digital traz em seu bojo novas possibilidades e aplicabilidades; uma delas é a forma de assistir um programa, por exemplo, alterada para outro formato mais interativo e dinâmico.

No início do governo Lula, a ênfase do discurso sobre a TV digital já não era mais a adoção completa de um sistema internacional e sim o desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) que pudesse atender às necessidades brasileiras. Assim sendo, foi instituído o SBTVD por meio do Decreto presidencial nº 4.901 de 26 de novembro de 2003.

Para o desenvolvimento do SBTVD foi formada uma verdadeira rede de produção científica, composta por 1.200 pesquisadores e 23 instituições envolvendo profissionais de diversas áreas do país, com o objetivo de produzir uma solução tecnológica que atendesse às necessidades da sociedade brasileira. Essa rede foi formada pelos consórcios criados por universidades e centros de pesquisa brasileiros que acataram a chamada-pública MC/MCT/FINEP/FUNTTEL – 01/2004 apresentando propostas de projetos nas áreas e temas definidos como prioritários para o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital. Entretanto apesar de todos estes esforços em 2006 o Brasil adotou a norma chamada nipo-brasileira também conhecida como ISDB-T por meio do Decreto 5.820 de 29 de junho de 2006 que instituiu:

I – SBTVD-T – Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – o conjunto de padrões tecnológicos a serem adotados para transmissão e recepção de sinais digitais terrestres de radiodifusão de sons e imagens.

II – ISDB-T – Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial – serviço de radiodifusão digital terrestre, integrado por padrões tecnológicos internacionais definidos na União Internacional de Telecomunicações – UIT.

É importante ressaltar que o governo brasileiro, ao oficializar sua opção pelo padrão japonês, em detrimento do desenvolvimento de um sistema nacional e inovador, desperdiçou a oportunidade de tornar o país um produtor de tecnologia avançada e não apenas um utilizador de recursos tecnológicos produzidos externamente e que nem sempre atendem às necessidades brasileiras, além de inviabilizar o processo de democratizar a comunicação.

Para debater…

Leia no Decreto 4.901 de 26 de novembro de 2003 quais eram os objetivos iniciais elencados pelo governo para o SBTVD.

Em seguida compare com as definições do padrão brasileiro para a TV digital publicadas no Decreto 5.820 de 29 de junho de 2006 que instituiu o SBTVD-T.

Assista ao programa Ver TV transmitido pela TV Brasil e discuta com os colegas as questões a seguir:

  • Será que o SBTVD-T atende as necessidades da sociedade brasileira?
  • Quais demandas da população brasileira que deveriam estar presente nesta nova mídia?

A TV digital no Brasil é realmente uma nova mídia?

4 A WEBTV E AS MUDANÇAS DE ESPECTADOR PARA A(U)TOR

A criação e o desenvolvimento da internet em meados do século XX, produziu uma verdadeira transformação na sociedade alterando as formas das pessoas pensarem, agirem, se relacionarem, consumirem e produzirem conhecimentos. Talvez, os americanos não tivessem imaginado a dimensão que esta rede ganharia quando a Advance Research Projets Agency (ARPA), por meio do departamento Information Processing Techniques Office (IPTO), criou na década de 1960 a ARPANET, um pequeno programa de computador para interligar os computadores dos grupos de pesquisa que trabalhavam para a Agência e onde estavam armazenados importantes dados do governo. Com a utilização da ARPANET os americanos não corriam mais o risco de perder suas informações, caso o país fosse bombardeado durante uma guerra.

Contudo, a ARPANET não ficou restrita apenas ao uso militar, pois aos poucos novos pesquisadores e universidades passaram a integrar a rede trocando informações e criando outras possibilidades de comunicação. A utilização da rede pelos centros de pesquisa fez com que outras redes fossem criadas, a ponto de, em 1983, a ARPANET se tornar ARPA-INTERNET e, finalmente, INTERNET (a rede das redes), a partir da década de 1990.

A palavra rede é outro termo que, assim como o audiovisual, possui várias conotações. Definir atualmente o termo rede é algo complexo, já que se tornou polissêmico e ambíguo, o que pode levar a uma imprecisão do seu significado. Logo, estabelecer precisamente uma data de quando este termo foi criado é tão difícil quanto lhe atribuir um único sentido. A origem desta palavra vem do latim retis, que significa um conjunto de fios entrelaçados com aberturas regulares fixadas por malhas e nós formando um tecido aberto. A partir desta definição, a palavra rede passou a ser utilizada com diversas conotações e em diferentes áreas.

No sistema de radiodifusão, como o da televisão, a rede de transmissão é formada por um grupo de emissoras associadas ou afiliadas que transmitem toda ou grande parte da programação produzida por uma emissora geradora de conteúdo, também denominada de cabeça de rede. Em conformidade com a política adotada pelas redes de radiodifusão, as grandes emissoras são as produtoras e difusoras de conteúdos criados de acordo com sua percepção de sociedade, política, economia, educação e cultura. Dentro desta concepção de produção, as emissoras afiliadas acabam tendo pouco espaço na grade de programas para apresentar suas produções locais e retratar a identidade cultural da sua região. A maioria dos programas produzidos pelas emissoras afiliadas são telejornais locais. Isso demonstra que, na radiodifusão, as redes são verticalizadas de tal modo que os conteúdos produzidos por um centro gerador são retransmitidos para diversos pontos periféricos.

Saiba mais…

Ao longo da história da humanidade diferentes tecnologias foram desenvolvidas nas sociedades. A Lucia Santaella (2007) ressalta que quaisquer meios de comunicações ou mídias são inseparáveis das suas formas de socialização e cultura que são capazes de criar, de modo que o advento de cada novo meio de comunicação traz consigo um ciclo cultural que lhe é próprio. Assim tivemos a cultura de massa, a cultura das mídias e a ciberbultura. Saiba mais sobre este assunto no vídeo de Santaella sobre Cultura das mídias e educação.

Esta é a lógica da chamada mídia de massa que opera no sentido “um-todos” e que considera o sujeito apenas como um espectador que assiste ao que lhe é transmitido. O sistema de radiodifusão realiza a distribuição e transmissão de conteúdos seguindo o modelo clássico da informação emissor-mensagem-receptor. Esse modelo, não possibilita a intervenção de outros atores nos conteúdos produzidos. Ao espectador cabe apenas contemplar seus produtos sem a possibilidade de alterá-los.

As tecnologias digitais, que surgiram no final do século XX, rompem com este paradigma linear da informação ao introduzir um novo elemento na comunicação, a interatividade que oportuniza a coautoria e a intervenção na mensagem, nos conteúdos. Embora somente com as tecnologias digitais a interatividade tenha se tornado possível é importante ressaltar que a comunicação bidirecional foi um advento da radiocomunicação. O dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956) acreditava que se em cada residência tivesse um aparelho de rádio capaz de enviar e receber mensagens estariam assim oferecidas as condições para se instaurar uma “esfera pública cidadã”, sustentada pela infraestrutura técnica, como viria a propor, anos depois, Habermas (1997) ao falar no mundo da vida como o espaço público onde acontece a ação comunicativa que seria a interação entre os sujeitos.

Com o desenvolvimento da internet surge a cibercultura definida por Lemos (2003, p. 12) como “a forma sociocultural que emerge da relação simbólica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base microeletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70”. Para Lemos (2009) a cibercultura está baseada em três princípios básicos: a liberação do pólo da emissão que torna cada pessoa potencialmente produtora de conteúdos, informações em diferentes formatos vídeos, blogs, fotos, músicas etc.; a conexão em rede generalizada e aberta significa que toda a produção de informação é emitida, distribuída em rede com outros pares, outros grupos de forma planetária; a reconfiguração que modifica, mas não elimina as outras mídias. Com a reconfiguração a TV na internet passa a ser outra TV diferente da mídia de massa, isso porque com a liberação da emissão e a conexão em rede há uma necessidade de mudar, de transformar, de reconfigurar a cultura massiva.

A cibercultura é a cultura contemporânea que tem crescido amplamente com as tecnologias digitais móveis que possibilitam aos cidadãos comuns tornarem-se, com o usos de seus telefones celulares, sujeitos interagentes (PRIMO, 2007), a(u)tores (LUCENA e PRETTO, 2009) de conteúdos e não mais espectadores que consumiam cultura de massa. Com as tecnologias móveis podemos estar e em dupla mobilidade física e informacional ocupando espaços híbridos, intersticiais (SANTAELLA, 2007), ou seja, produzindo em movimento, uma das características dos sujeitos contemporâneos imersos na cibercultura.

Curiosidades…

O desenvolvimento de cada tecnologia sempre esteve associado a práticas e comportamentos inerentes ao seu uso. As mídias massivas (Lemos, 2009) tornaram as pessoas espectadoras, pois diante do conteúdo apresentado pelo rádio ou pela televisão cada indivíduo apenas podia ouvir e ver sem possibilidade de modifica-lo.

Procure saber de pessoas mais velhas na sua família de que maneira elas ouviam o rádio ou assistiam a televisão? Que programas elas ouviam/assistiam?

Para Lemos (2009) as mídias pós-massivas aumentam as probabilidades de ocorrência de processos comunicativos, ampliando as formas de recombinação. Estas novas mídias operam numa outra lógica de produção e difusão de conteúdo. Tornando cada sujeito um potencial produtor de informação. Vale a pena ver trecho da fala de André Lemos no evento “Educar na Cultura Digital”.

Outra característica da cibercultura é a presença da interatividade. Isso significa que não basta apenas produzir e publicar é preciso interagir. Vários autores apresentam diferentes conceitos de interatividade como Lévy (2000), Lemos (2001), Machado (1997), Couchot (1997) e Silva (2000). Dentre estes autores prefiro adotar o conceito de Silva (2000) para quem a interatividade é uma forma de comunicação que pode ou não acontecer por meio das TIC. Para este autor interatividade é uma:

disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuários e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos (SILVA, 2000, p. 20).

Para obter a interatividade, de acordo com este autor, é preciso perceber se um determinado objeto, obra de arte ou mesmo equipamento digital, possui os fundamentos da interatividade, que ele classifica em três binômios: participação-intervenção, bidirecionalidade-hibridação e potencialidade-permutabilidade. Silva chama a atenção de que estes fundamentos estão interligados.

Sala de aula interativa

A interatividade é um conceito muito importante para entender a os dias atuais. Na educação a interatividade é importante para pensar novas formas de educar e de construir o conhecimento.

Para entender melhor este conceito comunicacional assista ao vídeo com o Prof. Marco Silva autor do livro Sala de aula Interativa.

Após assistir o vídeo sugerido acima discuta em grupo:

  • Quais atividades interativas são possíveis desenvolver na sala de aula com as tecnologias digitais móveis?

No Brasil, em 2002, um ex-diretor de uma emissora de televisão criou a primeira TV da internet brasileira a allTV com programação ao vivo durante 24 horas. Surgia aí outro jeito de fazer televisão com o perfil das quatro mídias: jornal, rádio, televisão e internet. O grande diferencial desta emissora da internet foi possibilitar aos internautas que acompanhavam a TV interagirem entre si e com os apresentadores nas salas de bate papo disponibilizadas no site da TV. Desta forma, o internauta tornava-se coautor dos programas, pois, tinha a possibilidade de interagir com perguntas e sugestões sobre o assunto que estivesse sendo debatido.

A partir desta experiência da allTV outros canais foram surgindo na internet discutindo temas variados. Algumas emissoras de TV também passaram a disponibilizar nos seus sites vídeos dos seus programas, porém este formato apenas apresentava o mesmo conteúdo distribuído no canal aberto da emissora, ou seja, sem nenhuma interatividade. A grande mudança do audiovisual na internet surgiu em 2005 quando foi criada a plataforma de compartilhamento de vídeo YouTube.

Saiba mais…

YouTube recebe cerca de 300 horas de vídeos por minuto e ocupa o posto de segundo maior buscador da internet, atrás somente do Google?

Assista sobre a História do YouTube o maior e mais popular site de vídeo utilizado no mundo.

O grande sucesso do YouTube é sem dúvida a produção e compartilhamento de vídeos que qualquer pessoa pode fazer sobre qualquer assunto que deseje abordar. Isso fez com que o YouTube se tornasse o maior agregador de Webvídeos, com os mais variados assuntos sendo o terceiro site mais acessado atualmente no mundo, antecedido apenas pelos sites Google e Facebook.

Para pensar e criar
  • Você tem um canal no Youtube?
  • Qual atividade você mais realiza no YouTube?
  • Como você sugere a inserção de Webvídeos na educação

A popularização do YouTube cresceu bastante a partir da disseminação das tecnologias digitais móveis conectadas à internet. A comunicação destas tecnologias ocorre por meio de aplicativos conhecido também pela abreviatura App do termo em inglês applications. Os Apps são programas desenvolvidos para serem instalados em smartphones e demais dispositivos móveis disponibilizados gratuitamente, ou não, nas lojas online. Alguns Apps são softwares sociais, programas que simulam redes sociais e que possibilitam a criação de comunidades virtuais ou grupos com objetivos comuns que trabalham de forma colaborativa.

Atualmente existem Apps para várias funções, tais como: previsão do tempo, jogos, mapas, GPS, emissão de bilhetes de viagem, compra de ingressos, cuidados com a saúde, habilidades esportivas, moda, aplicações financeiras, produção de vídeos, comunicação e educação.

Com a possibilidade de baixar apps nos dispositivos móveis, as etapas de produção de conteúdos audiovisuais tornaram-se acessíveis para todas as pessoas, desde a escrita de um roteiro, passando pela filmagem, edição até chegar a distribuição em plataformas digitais. Essa possibilidade amplia o potencial de uso do audiovisual no contexto da educação.

Em 2020, o mundo e o Brasil passaram a viver uma pandemia, a Covid-19, causada pelo Coronavírus, que nos colocou em distanciamento físico. Desta forma, as dinâmicas sociais e educacionais intensificaram suas práticas cotidianas com o digital em rede (Santos, 2014). O audiovisual passou a ser ainda mais utilizado nas atividades cotidianas, seja para contatos sociais, familiares e profissionais ou desenvolvimento de atividades escolares. Para muitos professores e alunos, a compreensão e produção de material com a linguagem audiovisual se deu por conta do momento emergencial, do mesmo modo, os mediadores desses processos por meio das tecnologias, precisaram pensarfazer percursos metodológicos com a inserção do audiovisual nas práticas educacionais.

Há algum tempo atrás produzir vídeos era algo impensável para as pessoas que não tinham equipamentos e nem uma formação para este fim. Contudo, com a disseminação cada vez maior das tecnologias digitais móveis, muitos aplicativos foram desenvolvidos para as mais diferentes funções, entre elas a produção audiovisual. Alguns aplicativos, possibilitam gravar, editar e compartilhar os vídeos produzidos. Esta não é apenas uma mudança tecnológica, mas sobretudo uma mudança sociotécnica e cultural potencializada pelo digital em rede.

Um dos primeiros aplicativos que possibilitou a produção e compartilhamento de vídeo foi o Tellagami. Este app, disponível apenas para dispositivos móveis, possibilita a criação e compartilhamento de pequenos vídeos denominados de Gamis. De acordo com Marques (2015), o Tellagami pode ser utilizado no contexto educacional das seguintes formas: na criação de histórias (digital storytelling), na explicação/demonstração de conceitos, na resolução de problemas de matemática, na criação de pequenos relatórios, no resumo ou apresentação de um livro (booktrailer), no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, na promoção da leitura e na criação de postais animados.

Atualmente, já existem outros aplicativos e redes sociais digitais, tais como o Instagram, Facebook, Snow, Snapchat, Tik Tok, dentro outros que também possibilitam a criação de vídeos com a utilização de filtros, formatos e linguagens diversas, o potencial criativo e cada vez mais pessoas comuns estão produzindo e compartilhando seus vídeos. Nesse sentido, acreditamos que a produção audiovisual, no atual momento pandêmico que vivenciamos, pode ser aproveitada por professores e alunos no processo educacional como forma de expressar seus saberes, conhecimentos, sentimentos, emoções tornando mais lúdico e prazeroso o ato de educar.

Como vimos no decorrer deste artigo, a busca pela construção de linguagens educativas que integram o uso de tecnologias, internet e audiovisual não é nova. O isolamento social impulsionado no período pandêmico de 2020, levou as salas de aula para as plataformas digitais e aplicativos, tais como o Google Meet, Zoom, YouTube, Instagram, Facebook, dentre outros. Esses apps e plataformas foram utilizados para a realização de aulas síncronas on-line, realização de lives, eventos virtuais e outras finalidades educacionais ou não. Essas atividades on-line puderam ser gravadas, virando conteúdos audiovisuais para serem acessadas posteriormente.

Além disso, algumas plataformas gratuitas e pagas serviram como ambientes virtuais de aprendizagem para armazenamento do material didático a ser utilizado por professores e alunos nos processos de educação on-line, ensino remoto ou educação a distância. Dentre algumas dessas plataformas estão o Edmodo, Moodle e o Google Classroom.

5 CONCLUSÃO

A internet possibilitou grandes mudanças na sociedade, pois trata-se de uma mídia que converge outras mídias. Porém, apesar da internet possibilitar esta convergência, as outras mídias continuam existindo. Ainda lemos jornal, ouvimos rádio e assistimos cinema e televisão, contudo a presença da internet alterou a forma como utilizamos estas tecnologias.

A primeira transmissão de televisão como sinal digital iniciou no Brasil em 02 de dezembro de 2007 na cidade de São Paulo. Após esta data, outras cidades brasileiras passaram a receber o sinal digital em substituição ao sinal analógico que será desligado em todo o país em 2018. Apesar de toda a rede de pesquisa formada para o desenvolvimento de um padrão de TV digital brasileiro o governo do Brasil optou pela implantação do modelo de TV digital japonês com algumas adequações que possibilitaram a utilização da tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores brasileiros.

A TV digital é uma nova mídia que se não fossem as escolhas políticas e tecnológicas feitas poderia ter trazido grandes transformações socioculturais, porém, apesar de todas as potencialidades desta nova mídia continuamos a ter “mais do mesmo”, uma vez que a TV digital aqui implantada apenas apresenta melhoria na qualidade da imagem e do som.

Vivemos uma nova era de comunicação generalizada que ocorre principalmente por meio das tecnologias digitais móveis que torna cada cidadão a(u)tor de conteúdos compartilhados em rede. É a era das mídias pós-massivas que operam numa outra lógica diferente das mídias de massa. Uma lógica que implica conectividade, interatividade, hipertextualidade, compartilhamento e colaboração.

Diante do percurso apresentado, vimos que a relação entre o audiovisual e a educação ainda está em processo de adaptações e descobertas principalmente a partir das potencialidades com as tecnologias móveis. Os desafios postos para os educadores são muitos, desse modo, precisamos continuar pesquisando, pensando e criando novas práticas de como educar na/com a cibercultura buscando impulsionar cada vez mais a autoria e a criação de conteúdos coletivos, interativos, hipertextuais e em rede. Vamos pensar juntos!!

CINECLUBE: BLACK MIRROR

Disponível na Netflix

Nossa dica de cineclub vem de uma TV online a Netflix – uma provedora de filmes e séries televisas via streaming totalmente acessada pela internet em diferentes dispositivos móveis e smart TV.

A série que recomendamos para nossas discussões neste texto é Black Mirror. Trata-se de uma série televisiva britânica que aborda temas sobre ficção científica criada por Charlie Brooker centrada em temas relacionados aos usos das tecnologias digitais na sociedade contemporânea. Atualmente já existe na Netflix cinco temporadas desta série.

Escolha um episódio de uma das séries de Black Mirror assista e depois faça um debate com seus colegas sobre o tema abordado no episódio.

Resumo

Neste texto abordamos as transformações tecnológicas que os meios de comunicação, sobretudo, a televisão passou nas últimas décadas. Vimos sobre o surgimento da tevê analógica no mundo e no Brasil e também sobre a televisão educativa. No início do século XXI, iniciou-se o debate sobre o desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de TV digital (SBTVD) com a perspectiva de criar uma nova mídia que pudesse unir a televisão e a internet. Entretanto este novo modelo brasileiro não se consolidou devido às escolhas políticas realizadas. Em 2006 é oficialmente lançado o SBTVD com base no modelo japonês de TV digital ISDB-T – Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial.

A TV digital hoje presente nos lares brasileiros está longe de ser a mídia que gostaríamos, pois ela apenas nos oferece melhor qualidade de som e imagem, o que é muito bom, mas é também muito pouco se compararmos as grandes possibilidades que esta mídia poderia proporcionar.

O site de webvídeos – YouTube tem sido uma alternativa para que pessoas comuns possam produzir e compartilhar seus vídeos que tratam da sua realidade, da sua cultura e dos seus saberes. De certa forma, podemos dizer que o YouTube democratizou a produção audiovisual nas sociedades.

ATIVIDADE

Iniciamos este texto informando que a população utiliza a televisão, meio de comunicação de massa, como principal fonte de informação uma vez que ela está presente mais de 90% dos lares brasileiros. Entretanto entre os mais jovens a escolha por se informar e interagir tem sido as mídias digitais conectadas a internet. Desta forma, elencamos como um dos objetivos deste texto: Pensar e produzir outras formas de aprender que possibilite a interatividade, a construção do pensamento crítico, o debate dos diferentes saberes e a dialogicidade. A partir deste objetivo propomos:

  • Formem grupos na turma e escolham temas diferentes para a produção de um vídeo utilizando tecnologias móveis, como por exemplo o celular;
  • Cada grupo deverá criar um Canal no Youtube para postar a sua produção;
  • Não esqueça que para criar um vídeo é preciso, além de escolher o tema, criar um roteiro. Na internet temos vários sites que ensinam a produzir vídeos como: Oficina de produção de vídeos; Briefing para produção de vídeo, Como fazer vídeo com o celular; Produção de audiovisual: construindo conhecimentos.
  • Após criar o vídeo poste no canal do YouTube e socialize o link com a turma. Depois debatam na sala de aula como cada grupo produziu seu vídeo. Quais aprendizagens foram mobilizadas? Quais as dificuldades encontradas? Como se sentiram ao terminar o vídeo?

Referências

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Autoria


Simone Lucena
(http://lattes.cnpq.br/5622931757134223)
Pós-doutoranda em Educação (Proped/UERJ). Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia. Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Campus Prof. Alberto Carvalho. Professora permanente do Programa de Pós-graduação em Educação da UFS. Tem experiência e publicações nas áreas de Educação, Comunicação e Tecnologias, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, tecnologias da informação e comunicação, interatividade, educação a distância, formação de professor, culturas digitais e TV digital. Lider do Grupo de Pesquisa Educação e Culturas Digitais (ECult/UFS/CNPq) – https://ecult.pro.br/

Everton Nunes
(http://lattes.cnpq.br/2550538081140833)
Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Integrante do ECult (Grupo de Pesquisa em Educação e Culturas Digitais – UFS), Mestre em Comunicação pela UFS, possui graduação em Comunicação Social – Radialismo e está cursando a graduação em Licenciatura Teatro na mesma instituição de ensino federal. Foi professor do Departamento de Dança da Universidade Federal de Sergipe; instrutor/oficineiro de artes pela Prefeitura Municipal de Aracaju. É também jornalista, repórter fotográfico e cinematográfico profissional. Nas artes cênicas atua como diretor, coreógrafo, bailarino, ator, dramaturgo, figurinista, produtor. No audiovisual tem experiência com roteiro, direção de arte, direção de elenco, direção de fotografia, produção, direção de arte e direção geral.

Como citar este capítulo

LUCENA, Simone; NUNES, Everton. A produção audiovisual com as tecnologias digitais na educação: da televisão analógica à webtv. In: SANTOS, Edméa O.; PIMENTEL, Mariano; SAMPAIO, Fábio F. (Orgs.). Informática na Educação: autoria, linguagens, multiletramentos e inclusão. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2019. (Série Informática na Educação, v.5) Disponível em: <https://ceie.sbc.org.br/livrodidatico/producao-audiovisual>